quinta-feira, 5 de abril de 2012

23 de fevereiro de 2011


Quando eu resolvi passar mais de um ano perdendo tempo ou, dependendo do humor, esperando o momento certo da “nota” e “sinfonia”, eu Te escrevi a seguinte poesia:

Eu tenho um amor platônico.

Ele me faz companhia

quando o meu amor real

está real demais.


O meu amor platônico é meu

amigo imaginário

Ele me deseja, me respeita

me deixa sonhar com ele

Ele é superior a mim

E me aceita mesmo com falhas

Ele é meu Pai.


Eu amo ele mais porque ele não é de verdade

e porque ele nunca vai errar

ou eu não vou ter tempo de vê-lo errar.


O meu amor, meu Pai, meu amigo imaginário

vai morrer

e alongar essa distância que se coloca entre nós

e se eternizar na memória e no tempo

levando pra longe dos meus lábios os seus lábios intocados

e o carinho que eu não pude dar.


O meu amigo imaginário me faz deparar

com a minha solidão mais profunda

com a essência da dor

com as questões metafísicas todas

com Deus

e com as limitações da vida.


Mas eu não posso salvar o meu amigo, corpo presente

Nem posso mata-lo, espírito mais que presente

Nem posso impedi-lo de habitar-me

Nem arrancar de mim as suas marcas que eu as fiz.


O meu amor de mentira

É insuportável

porque imaterial

E belo

porque imaterial


O meu amor imprestável

vai me assombrar pra sempre

Até que cesse

essa imensa luz

a explodir no meu peito.


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